28 junho 2006

Distorção



“- Come e trabalha,
Cala e consente.”
Agonia-me este mundo,
Vejo um universo diferente.

Olho para a lua e parece-me um cubo,
Por vezes uma pirâmide quadrangular.
Apenas depende da nossa relação com um vértice.
É como um dado visto de cima a girar.

Olho para o céu e vejo água.
(Não pensem que está a chover,
Não é essa a estação do ano)
Para mim o céu é um espelho quebrado
Por alguém que tentou nadar
No reflexo do oceano.

Olho para o mar e vejo um jardim,
Impregnado com flores e cheiro a jasmim.
E eu entro nele com o meu olhar,
Deixando a brisa agitar as pétalas
Até que aquele movimento
Me consiga hipnotizar.

Dependendo das horas, vejo quadros diferentes,
Uma pirâmide num deserto de água
Ou um jardim alagado pelas lágrimas da nossa mágoa.

E nesses momentos tenho a certeza
Que os jardins não estão na terra
E os desertos não são de areia.
Ah, se soubessem o que eu vejo!
Vocês não fazem ideia…